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Desbravando Salvador: de destino turístico à violência armada

Atualizado: 15 de jun. de 2023

Muitos turistas estão sujeitos aos perigos da capital, conheça opções de passeios seguros


Por: Eloisa Oliveira


Salvador, a primeira capital do Brasil e dona do maior carnaval de rua do mundo, é um dos destinos mais cobiçados do nordeste, especialmente em datas comemorativas e festividades. O que muitos não sabem, no entanto, é que a cidade é considerada a segunda capital mais perigosa do país, segundo a 16ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. De tiroteios entre forças policiais e bandidos a assaltos armados sofridos por turistas, a cidade faz com que os visitantes precisem ter atenção redobrada ao "turistar" pela capital baiana.


O Instituto Fogo Cruzado, maior banco de dados abertos sobre a violência armada da América Latina, registrou em abril deste ano 121 tiroteios em toda Salvador e Região Metropolitana, deixando ao menos 94 mortos e 23 feridos. Das vítimas de arma de fogo, a maioria foi atingida durante operações policiais, 47 pessoas, no entanto, também houve 15 pessoas baleadas em tentativas de furto (9 morreram e 6 ficaram feridas), 6 pessoas atingidas em eventos (4 mortos e 2 feridos) e 3 pessoas mortas em bares, além de outras 27 baleadas em meio a disputas e as atingidas dentro de residências.


Durante esse mês, trocas de tiros próximo de shoppings centers na Região Metropolitana, motivadas por tentativa de roubo de veículo, tentativa de extorsão e perseguição, mostraram-se alarmantes. Vias públicas e próximas a locais de grande circulação de pessoas são palco de tal violência. Ainda segundo o Instituto, na noite do dia 12/04 duas mulheres e um homem foram baleados durante uma perseguição policial que deixou o trânsito completamente travado na Avenida Luís Viana Filho, paralela à Orla de Salvador. No dia 20/04, um tiroteio decorrente de uma tentativa de roubo de veículo assustou os transeuntes da frente do Salvador Shopping.

Praia do Porto da Barra. Foto: Eloisa Oliveira


Relatos Reais: assalto à mão armada


Suely Bastos (39) estava grávida de seu segundo filho quando presenciou, com seu marido, um assalto à mão armada em um semáforo. Em entrevista, a baiana natural de Feira de Santana contou que o ocorrido aconteceu em outubro do ano passado: “Nós fomos parando em uma sinaleira em um local muito movimentado e, inclusive, uma zona muito frequentada por turistas, na orla de Salvador, e nós presenciamos quando o carro que parou na nossa frente foi abordado por um assaltante que estava armado. O indivíduo com a arma tirou toda a família de dentro do carro, um casal e duas crianças, mas acabou levando só os pertences e saiu correndo. Ele desistiu de levar o carro provavelmente porque muitas pessoas viram o ocorrido.”


“Foi um momento realmente desesperador, eu estava grávida do meu bebê que hoje tem apenas 4 meses e foi realmente um susto muito grande porque eu nunca havia presenciado um assalto em Salvador”, continuou.


Como seu marido é de Salvador, Suely está acostumada a visitar muito a cidade e diz ter ouvido sobre pontos turísticos que não têm sido mais amplamente frequentados por conta dos perigos e riscos. Alguns dos lugares que trouxe como exemplo são: Pelourinho, Lagoa do Abaeté e Dique do Tororó.


Muitos moradores e comerciantes reclamam dos assaltos que acontecem na região do Centro Histórico, onde fica o Pelourinho. Em 22 de abril, dois turistas romenos foram agredidos numa tentativa de assalto enquanto visitavam o ponto turístico, segundo a Polícia Civil, os indivíduos teriam reagido ao furto. Em dezembro do ano passado, um turista alemão foi agredido e roubado durante o dia, e também teria reagido.

Segundo o diretor-geral do Balé Folclórico da Bahia (companhia profissional de dança folclórica sediada no Teatro Miguel Santana), Vavá Botelho, no mês anterior oito turistas foram assaltados no período de uma semana enquanto iam para o teatro. A poucos metros, policiais em uma viatura da polícia não teriam feito nada para impedir, informou.

Turistas andando pelas ruas do Pelourinho. Foto: Eloisa Oliveira


Assista: Jornal da Record | Onda de violência preocupa comerciantes e afasta turistas do Pelourinho, em Salvador (BA)


Praias e Carnaval da cidade trazem pontos positivos


As praias Farol e Porto da Barra estão entre as preferidas dos soteropolitanos e turistas. Já Rio Vermelho é uma área boêmia com muitos bares e variadas opções de alimentação, conhecida por ser uma região mais tranquila. Para visitantes frequentes da cidade, Salvador pode não ser uma das metrópoles mais seguras do país, mas há também uma vasta opção de passeios mais seguros, a depender do cuidado e atenção do viajante.

Para Lucas Duarte Lopes, goianiense de 27 anos crescido na Bahia, a cidade não é tão perigosa em comparação com capitais como São Paulo e Rio de Janeiro. “É como dizemos aqui na Bahia, não pode ficar dando mole em alguns lugares da cidade, tipo ficar com o celular na mão ou muito tarde em alguns pontos.”

Para ele, o Carnaval de Salvador é outro ponto positivo da cidade para turistas, além das praias. “Eu acho que o Carnaval de Salvador é o melhor do país. É um Carnaval bem inclusivo, para todos os públicos e para todos os gostos, tem várias opções de atrações. Você pode curtir com ou sem dinheiro, então todo mundo que já passou o carnaval em Salvador sempre quer passar de novo lá sabe? Então, eu acho também que não é tão perigoso, sabe? Você não vê muitos casos de violência como em outros lugares.”

O goianiense também trouxe como ponto positivo da cidade a diversidade religiosa e o respeito existente entre pastores, padres e mães e pais de santo, tirando as ressalvas.


Assista ao vídeo de "Estevam Pelo Mundo" sobre o que fazer em Salvador


1 comentario


Invitado
15 jun 2023

Reportagens muuuuito interessantes

Parabéns a todos envolvidos

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Desbravando o Brasil

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 Blog produzido pelas alunas Aléxia Vilela Maria de Souza, Eloisa Vitória de Oliveira e Giulia Servo Brandolezi para as disciplinas de Projeto Interdisciplinar em Comunicação II, Gêneros Discursivos e Técnicas de Reportagem, Entrevista e Redação Jornalística do curso de Jornalismo da

Universidade Federal de Uberlândia.

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